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Crise extensa no setor leiteiro afasta pequenos produtores; larga escala ganha força

A crise persistente no setor leiteiro brasileiro tem causado um afastamento significativo de pequenos produtores, enquanto a produção em larga escala ganha força. Especialistas apontam que a elevação dos custos de produção e a redução das margens durante 2022 e 2023 levaram à saída de produtores de menor porte que não conseguiram obter retorno financeiro.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Paulo do Carmo Martins, esse processo de mudança no perfil dos produtores de leite no Brasil já vinha ocorrendo desde 2013, mas a crise recente acelerou essa transformação. A produção, que antes era realizada por pequenos e médios pecuaristas, viu uma substituição gradual pelos grandes produtores, resultando em uma concentração da produção.

Os custos elevados, especialmente relacionados à nutrição dos animais, e a baixa rentabilidade para os produtores de menor escala contribuíram para o esmagamento das margens. Natália Grigol, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), destaca que a volatilidade nos preços do leite e nos insumos afetou categorias de produtores de maneiras distintas, com os produtores de médio porte sendo os mais vulneráveis.

Jonadan Ma, presidente da comissão técnica de leite do Sistema Faemg Senar, destaca que a concentração na produção de leite não é uma realidade apenas no Brasil, mas uma tendência global que atinge outros países há anos. Dados da Embrapa e do Sistema Faemg/Senar revelam uma redução no número de propriedades produtoras de leite no Brasil, indicando uma perda de 500 mil produtores em 20 anos.

A crise no setor em 2023 é descrita como um período para ser esquecido na história da pecuária leiteira, segundo Jonadan Ma. As importações recordes de lácteos, especialmente da Argentina e do Uruguai, foram um dos fatores que impactaram negativamente o mercado nacional.

Medidas de mitigação às importações de lácteos foram propostas, como o Decreto Nº 11.732, que modifica incentivos fiscais para a venda de leite in natura por produtores brasileiros. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, destaca que o setor busca medidas mais abrangentes, como negociações amplas e irrestritas para o endividamento dos produtores e um plano de aquisição nacional do governo.

Produtores de leite têm buscado formas de lidar com a instabilidade durante a crise, seja por meio de contratos prévios, diversificação na propriedade ou refinanciamento. A perspectiva para 2024 é desafiadora, com a produção global de leite crescendo a passos mais lentos. A diversificação na produção e o enfrentamento de desafios econômicos continuam sendo estratégias fundamentais para a sobrevivência no setor leiteiro brasileiro.

Luis Ronaldo Soares

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